segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Covarde

Raiva nunca foi um motivador da minha escrita - é de se argumentar que nada têm me motivado a escrever, mas esse não é o ponto. Os meus textos geralmente são ou melancólicos, ou palavras que eu preciso tirar da cabeça pra no final escrever "always look at the bright side of light", como diria Brian. E é por isso que eu deixei esse pensamento marinar um pouco antes de vir aqui.


Senti raiva. Senti muita dor. Mas o que ficou mesmo, o amargo na boca, é de decepção. Me sentir usado, desrespeitado enquanto um coração que só se entregou com carinho, paciência e afeto, é provavelmente a dor que mais me incomoda.


Fazia muito tempo que eu não me emocionava assim, e honestamente um pedaço de mim teme que isso nunca mais vai acontecer. Ou pelo menos a parte onde eu sou correspondido - afinal emocionado eu sou por natureza -, e é ai que entra o título desse texto que eu escrevo torcendo pra que tire tudo do meu peito e me faça pensar cada vez menos nisso.


Ninguém é obrigado a demonstrar reciprocidade. Mas uma vez que isso acontece, as expectativas que a gente cria são minimamente validadas. E o destratar disso pela outra metade é o que dói. 


Pra não fugir dos meus próprios clichês, acho que esse texto se torna uma lição pra sempre tomar cuidado com as relações de afeto e garantir que eu nunca faça isso com alguém, mas eu sei bem que é só eu me manter honesto a quem eu realmente sou que isso não há de acontecer. Certamente eu ainda voltarei a me machucar, mas uma amiga me disse uma vez pra nunca deixar isso mudar minha essência, e independente da quantidade de vezes que eu ouça December com o peito apertado, sei que é assim que tem que ser.


"Você pegou um pedaço da minha alma e depois foi embora. como se eu não fosse nada"