segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Covarde

Raiva nunca foi um motivador da minha escrita - é de se argumentar que nada têm me motivado a escrever, mas esse não é o ponto. Os meus textos geralmente são ou melancólicos, ou palavras que eu preciso tirar da cabeça pra no final escrever "always look at the bright side of light", como diria Brian. E é por isso que eu deixei esse pensamento marinar um pouco antes de vir aqui.


Senti raiva. Senti muita dor. Mas o que ficou mesmo, o amargo na boca, é de decepção. Me sentir usado, desrespeitado enquanto um coração que só se entregou com carinho, paciência e afeto, é provavelmente a dor que mais me incomoda.


Fazia muito tempo que eu não me emocionava assim, e honestamente um pedaço de mim teme que isso nunca mais vai acontecer. Ou pelo menos a parte onde eu sou correspondido - afinal emocionado eu sou por natureza -, e é ai que entra o título desse texto que eu escrevo torcendo pra que tire tudo do meu peito e me faça pensar cada vez menos nisso.


Ninguém é obrigado a demonstrar reciprocidade. Mas uma vez que isso acontece, as expectativas que a gente cria são minimamente validadas. E o destratar disso pela outra metade é o que dói. 


Pra não fugir dos meus próprios clichês, acho que esse texto se torna uma lição pra sempre tomar cuidado com as relações de afeto e garantir que eu nunca faça isso com alguém, mas eu sei bem que é só eu me manter honesto a quem eu realmente sou que isso não há de acontecer. Certamente eu ainda voltarei a me machucar, mas uma amiga me disse uma vez pra nunca deixar isso mudar minha essência, e independente da quantidade de vezes que eu ouça December com o peito apertado, sei que é assim que tem que ser.


"Você pegou um pedaço da minha alma e depois foi embora. como se eu não fosse nada"



sábado, 29 de dezembro de 2018

Estabilidade não existe

Eu nunca gostei dessa afirmação.

Mais do que isso, eu já a neguei algumas vezes. Afinal, eu sou um cara que gosta de estabilidade. Claro que é positivo sempre estar em busca de algo novo, diferente e maior, mas eu sempre fui o cara que curtiu ter uma base onde posso 'descansar'. Uma rotina, um lar, um relacionamento. E eu posso afirmar sem sombra de dúvidas que já vivi exemplos maravilhosos dessas coisas que eu costumo considerar alicerces.

Mas estabilidade não existe.

Pra qualquer coisa que exija um andar constante, as variáveis são numerosas demais para qualquer um sonhar com essa tal de estabilidade. Um café de onde você ama o pão de queijo pode fechar, seus horários podem não bater mais com aquela aula bacana da academia. Podem haver um milhão de outras variáveis, mais simples ou mais complexas que meramente impedem que algo se mantenha como é por um período indeterminado de tempo.

As vezes é algo que parecia depender de você, mas esses alicerces raramente dependem de apenas um fator. E quanto mais complexas forem as relações que configuram isso, menos controle você possui e, portanto, qualquer variável que não se encaixe mais pode acabar com algo incrível, mesmo quando o fim não parece fazer sentido.

Claro que as vezes esse algo pode se mostrar mutável a ponto de resistir pressões e obstáculos inimagináveis pelo senso comum, mas por depender de múltiplos fatores, essa configuração é refém de muito mais do que de sua capacidade de se adaptar.

Eu já nem sei se ainda faço sentido. É bem claro que eu gosto de estabilidade, mesmo quando eu não dependo dela. Pleno 2018 e eu aqui, escrevendo em um blog que existe há quase uma década.

Algumas coisas não mudam. Outras mudam mesmo quando não parece fazer sentido. Talvez eu precise aprender alguma lição, ou talvez eu precise não ser tão duro comigo mesmo.


Mas o que me parece seguro afirmar agora é que estabilidade não existe.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

New Heal

E aconteceu de novo. 


Mais uma vez, ela se mostrou não a única, mas a mais sólida e confiável base que tenho e terei nessa vida. E dessa vez o timing foi crucial, pois eu já estava prestes a visitar esse canto (quase) esquecido, mas tivesse eu feito isso uma semana antes o texto estaria muito mais pra Ian Curtis do que o que escrevo hoje.

Tá, até eu já me perdi no pensamento, mas que fique claro: não falo de alguém, falo dela, nem sempre protagonista, mas tema recorrente em meus textos, a música. 

Se eu fosse um contador, diria friamente que os dias ruins tem superado os bons, mas eu nunca fui muito de reclamar e gosto de pensar que escondo tudo isso muito bem com um sorriso e simplesmente evitando tocar no assunto. O dois mil e dezesseis de ninguém tá exatamente bom, não é mesmo?! Mas tenho que confessar que, não fosse o evento que me fez lembrar a importância da música (não que algum dia eu tenha esquecido, mas vocês entendem), isso aqui seria muito mais sobre lamúrias e sobre o meu atual estado de estafa.

Tem uns vinte minutos que eu começo e apago esse parágrafo, tudo porque eu não sei como explicar a sensação que me fez salgar meu próprio rosto, causada por essa experiência. Não teve a ver com uma canção específica, uma frase ou um riff, mas certamente foi brutalmente acentuada pela qualidade do grupo em questão, e por isso eu sou grato a eles. Tinha anos que eu não sentia aquilo em um show, e certamente isso contribuiu pra intensidade do momento. Me senti como em um daqueles shows que eu saia cheio de marcas, mas mesmo assim revigorado.

As marcas agora são internas, e já estavam aqui antes, mas eu certamente precisava desse vigor. 

We lose our minds when we
Think it's not possible to win
But when we take control
We realize it gets better

sexta-feira, 13 de maio de 2016

And we would go on as though nothing was wrong

If you're look for that little beacon of light and hope that usually show up somewhere in these texts of mine, go away. Read something else, for this one's plain sad.

I'm fed up with it all. I honestly don't even know what to call it anymore: is the universe conspiring against me, trying to teach me a lesson or is it just plain bad luck?

For each day that I don't figure it out or for each punch that I get in the face when it all seems to be turning up, I find myself swimming against this huge tide of negativity.

FUCK.


Of course my life is not the worst. But I'm sure learning how to take a beating.

"I can't take it anymore" would be way too dramatic for me, so I'll say I need fucking good news as soon as possible, so I can remember to breath easy and see the bright side of things.




"And we would go on as though nothing was wrong."
Joy Division - Transmission

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Fazia tempo que não precisava daqui

À beira de não menos que um colapso nervoso, lhe restou escrever. Escrever parte das... sei lá, 5 mil palavras que ainda faltavam para terminar uma das coisas que o puxava como uma âncora?! Pff, até parece... resolveu escrever palavras para ninguém em um lugar que não visitava há coisa de um ano. "Por que diabos ele faria isso?", alguém (ou só a voz com que ele conversava em sua cabeça) pode perguntar, e a resposta é simples.

Há e por muito tempo, esse - agora inóspito local - era refúgio para quase tudo e, se a memória não lhe é falha, servia muito bem como válvula de escape. Aqui ele escrevia sobre tudo aquilo que o afligia, o alegrava, o encantava e principalmente tudo aquilo que ele nunca gostou muito de dividir diretamente com alguém, não importasse quem. E isso funcionava. E rendia frutos. Outros pensamentos, ideologias, bases em que ele passou a crer e, last but not least, sorrisos.

Inocência pensar que isso fosse acontecer da mesma forma, certo? Talvez, mas é aqui o único lugar que ele crê que ainda pode ser inocente, pode despejar tudo aquilo que fica pesado e ele não gosta de dividir com ninguém. É aqui que ele sabe poder escrever sem pensar em quem pode ler, sem se importar que ele escreveu sobre ele mesmo sem usar 'eu'.


Ele já nem lembra como é que se termina textos, mas não vai ser por isso que não vá escrevê-los.

domingo, 2 de novembro de 2014

O que é um título para quem escreve sem revisar, certo?!

A estafa era tão desolante, tão devastadora, que aquele grande sonho já não pareceria tão promissor para qualquer outro que se colocasse em seus sapatos. Mas não pra ele, afinal, ele nunca deixou de acreditar. E nunca deixaria, veja bem... ele sabe muito bem que é ali seu lugar e que nada seria tão incrível e reconfortante quanto aquilo, mas nem por isso os poréns de uma situação a muito por ser resolvida deixavam de tentar abatê-lo. É óbvio que ele não carregava os problemas do mundo nem nada disso, mas, por vezes, era essa a exata sensação. Não há como negar que ele já havia pensado, por vezes, se não estaria sendo egoísta, ansioso. Mas ele sentia que merecia resultados diferentes para as inúmeras tentativas até aquele ponto. Já havia ouvido falar que aquele que tenta a mesma coisa esperando por resultados diferentes é louco, mas preferia acreditar que nem toda afirmação de um gênio era genial, ou até mesmo correta.

Entende, agora, que a vida jamais poderia ser retratada em meros preto e branco. Há muitos mais tons de cinza do que se pode enxergar.



Não há perigo aqui, porém. Apenas desabafo.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Fiel Companheira

Não há nada melhor do que uma paixão, correto?

Essa frase nem sempre é verdade, mas felizmente eu não tenho dúvidas de que, nesse caso, não há nada de ruim que essa paixão possa trazer.

Eu pensei em colocar a definição do Michaelis sobre a palavra 'paixão', mas mesmo existindo no dicionário, esse é um conceito subjetivo. Paixonite, como a gente ouve de vez em quando, é aquela que vem arrebatadora e - não muito depois - já sumiu, tendo servido apenas pra embaralhar a nossa cabeça. Aliás, a própria definição de paixão diz que tal pode se referir a um ato quase que movido por instinto, seja para o bem ou para o mal. Mas chega desse mimimi todo, o real motivo de eu ter reavivado esse meu parado blog foi pra falar de uma paixão que, no matter what, jamais vai me decepcionar.

De vez em quando eu ouço algo e percebo o quão forte é o poder disso, a capacidade de envolver que ela tem. Ai eu paro e penso: não há nada que vá me dar tamanho conforto, prazer, forças e novos modos de pensar nas coisas, não há nada que terá o mesmo efeito que essa paixão tem em mim.

E é por isso que sempre que eu paro e penso, agradeço por ter perto de mim a imensidão que é essa arte. Penso que nunca conseguiria explicar em detalhes essa relação, pois talvez nem eu mesmo a entenda completamente.

Quando paro e penso, sei que é e vai ser ela a 'fiel companheira', desde quando me entendo por gente e por todo o resto do meu caminho.

Paro, penso e agradeço aos grandes humanos que tem percepção parecida ou mesmo só contribuem sem realizar o quão grande é isso tudo, pois essa é uma arte natural, mas jamais teria alcançado tudo isso sem essas pessoas.


Obrigado, profissionais.
Obrigado, amadores.
Obrigado, entusiastas.
Obrigado, músicos.


Obrigado, música.